Mudança de perfil dos clientes estimula empresas de marmitas a apostar em cardápios saudáveis

As embalagens mudaram: o marmitex não é mais necessário, já que os alimentos vêm em pacotes projetados especialmente para eles. A existência de entrega, muitas vezes gratuita, também não demanda a ida ao estabelecimento para buscar a “quentinha” no intervalo do almoço. Mas o fato é que versões atualizadas das tradicionais marmitas parecem ter caído no gosto dos catarinenses.

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Prova disso é a variedade de negócios que fornecem esse tipo de alimentação no Estado. Denominadas como “empresas de refeições transportadas” pelo Sindicato das Empresas de Refeições Coletivas, estima-se que haja 90 delas espalhadas em Santa Catarina – a maioria registrada recentemente. O cardápio é variado: são comidas ditas caseiras, fitness ou vegetarianas que contemplam ao mesmo tempo a rotina corrida de quem trabalha fora de casa e a adequação a dietas alimentares.

Baseados numa tendência de consumo, destacam-se os estabelecimentos que oferecem marmitas saudáveis. É o caso do Leve Natural, em Florianópolis, que no horário do almoço entrega porções com pouco carboidrato, muita salada e proteína de forma equilibrada.

A empresa surgiu no fim de 2014 e serve diariamente cerca de 80 refeições a partir de cardápio sem glúten e sem lactose elaborado semanalmente. Também oferece uma linha de congelados em que o escondidinho de batata-doce com frango é o carro-chefe. A ideia para este ano é distribuir franquias por outros municípios, além de atuar em nova frente: distribuição de potes de saladas em pontos de venda.

– Até então Florianópolis não tinha um restaurante que entregasse comida saudável, apesar de ser uma cidade litorânea e os habitantes praticarem bastante atividade física. Então viemos com essa proposta de balcão para atender quem deseja se alimentar bem no dia a dia. Apesar da crise e de algumas pessoas ainda não compreenderem o valor agregado desse tipo de alimentação, o negócio segue bem – explica um dos sócios, Daniel Milrad, que crava a própria empresa composta por sete funcionários como o primeiro web delivery de alimentação saudável do Brasil.

Rio Tavares vira reduto da comida saudável na Capital

A administradora Lúcia Rampinelli Jeremias, 33, aderiu às “marmitas saudáveis” há um ano e não pretende tão cedo trocar o estilo de almoço. Ela conta que ficou sabendo da opção a partir da indicação de uma nutricionista.

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– Eu peço, principalmente, para fugir da tentação dos bufês. Pedindo a refeição dessa forma, sei que estou comendo de forma balanceada e que todo meu esforço na atividade física não vai ser jogado fora. Também considero o preço justo, porque já tentei fazer em casa e, além do desperdício, vi que posso gastar mais – garante Lúcia, que paga de R$ 20 a R$ 30 por dia nos pratos que consome na própria empresa onde trabalha.

Cardápios também têm opções congeladas

Restrição alimentar é outro fator que leva as pessoas a optar por marmitas especializadas. A percepção da demanda de público vegetariano (que não come carne) e vegano (que não come nenhum item de origem animal, como leite ou ovos) motivou a uruguaia Maria Noelia Benitez, 30 anos, a abrir há dois anos o Namastè Cozinha Consciente, no sul da Ilha de Santa Catarina.

A chefe, que tem uma cozinha industrial em casa, começou o negócio servindo diariamente os clientes com pratos feitos. Depois que fidelizou os consumidores, passou a montar cardápios semanais e a entregar para cada um deles cerca de 15 marmitas prontas para serem congeladas e consumidas gradativamente.

– Percebi que a maioria dos meus clientes estava disposta a experimentar um estilo de alimentação saudável. Foi aí que investi no menu individual com interpretações veganas de culinárias estrangeiras, como indiana ou mexicana. Hoje também faço eventos com essa mesma proposta, porque uma coisa leva à outra – conta.

O artista Bernhard Aggeler, 35, é adepto dos cardápios vegetarianos há pelo menos quatro anos. Nos últimos meses, decidiu aderir às marmitas sem carne para não ficar refém do que encontrava para comer na rua.

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– Eu estava dependente de pastel de queijo, praticamente. E, com isso, vinha me alimentando mal. Além de saudáveis, as marmitas vegetarianas têm forte conexão com a natureza e, consequentemente, com o amor. Não pretendo trocá-las – conclui Aggeler.

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Não é só no litoral catarinense que as “quentinhas” saudáveis têm mercado. Em Blumenau, a Pedeverde entrega de 70 a 80 refeições por dia. O restaurante também tem espaço para 30 pessoas comerem no horário de almoço e freezer onde coloca à disposição os potes congelados.

– Nossa proposta é ser o menos radical possível. Tentamos aproximar os pratos saudáveis do que já existe. Assim é mais fácil conquistar público. Vejo que essa tendência se repete em restaurantes comuns. As pessoas estão querendo comer bem – analisa o proprietário Carlos Hering Filho, 32.

A Aloha Alimentação Fit segue a mesma linha em Joinville. A empresa coloca à disposição quatro planos alimentares elaborados por nutricionistas e gastrônomos que compõem a equipe. As refeições são entregues diariamente aos clientes.

Atenção para a segurança alimentar

Empresas que vendem refeições prontas, como as marmitas, também podem estar ligadas à Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Mas, segundo o líder da entidade, Fábio Queiroz, os consumidores devem estar cientes das diferenças entre os dois modelos de empresa.

– Esses estabelecimentos [das marmitas] se inspiraram nas rotisseries, que são bem comuns na França. Apesar de alimentar um mercado para todos os gostos e bolsos, os consumidores devem atentar ao cumprimento das normas de Vigilância Sanitária. Se você compra algo congelado, deve questionar onde aquilo foi produzido. Em restaurantes, a fiscalização é mais fácil, porque tudo acontece ali – argumenta.

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