Restaurantes de portas e cozinhas abertas

Restaurantes que permitem a visitação do público às suas cozinhas fazem disso uma forma de transmitir segurança aos clientes e fidelizá-los

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Conhecer a cozinha onde são preparados os alimentos que consumimos fora de casa parece improvável, mas existem leis municipais – nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo – que torna obrigação de restaurantes, bares e outros estabelecimentos do food service abrirem suas cozinhas à

visitação do público.

Alguns restaurantes, além de se adaptarem à lei, adotaram um diferencial: o fato de não só permitirem a visitação dos clientes, como também incentivá-la. Esses locais utilizam isso como uma forma de transmitir mais segurança e confiança aos consumidores e, consequentemente, fidelizá-los.

Comprometimento com o cliente

O Ghee Restaurante, localizado em São Paulo e baseado no conceito comfort food, abre a cozinha para visitação do público desde agosto de 2011, quando foi inaugurado. O diferencial do Ghee é o fato de o local não apenas permitir a visitação, como também incentivá-la.

Oghan Teixeira, sócio-proprietário e gastrônomo da casa, explica o motivo da inovação, que é pensada “para garantir a qualidade do serviço, já que contamos com uma cozinha bem equipada, organizada e higienizada”, afirma. Segundo ele, todos os clientes devem procurar saber como os alimentos que consomem em restaurantes são manuseados, armazenados e preparados.

Para convidar os clientes a conhecer a cozinha, o Ghee Restaurante utiliza uma placa. “Quando um cliente mostra interesse, nosso maitre o acompanha até a cozinha e responde todas as dúvidas que possam surgir”, explica Teixeira.

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De acordo com ele, a maior vantagem de incentivar a visitação à cozinha do Ghee Restaurante é aumentar a confiança dos clientes em relação ao restaurante. “Mostra nosso comprometimento com a procedência de todos os ingredientes, fazendo com que nossos clientes sintam-se muito mais seguros e à vontade para provar de nossos pratos”, afirma.

Teixeira conta que são poucos os clientes que mostram interesse em fazer a visita e, por esse motivo, o Ghee Restaurante não tem uma média mensal desse público para tal atividade. “Quando a mídia aborda o assunto, por exemplo, o número de interessados aumenta um pouco, mas logo volta a diminuir”, diz.

Os comentários dos clientes após visitarem a cozinha do Ghee Restaurante variam muito. Segundo Teixeira, alguns dizem que nunca haviam visitado uma cozinha de restaurante antes, e a experiência é interessante. “Tem muita gente que nunca entrou numa cozinha profissional. A imagem que tinham da cozinha de um restaurante era aquela que viam em novelas e filmes”, diz. Há ainda, os clientes – a minoria – que contam que, sempre que têm tempo, gostam de conhecer a cozinha dos lugares onde comem, por curiosidade e segurança. “A visitação atrai mais os curiosos do que os preocupados”, afirma Teixeira.

Prazer em atender

O Joaquina Bar & Restaurante, que privilegia a culinária brasileira, abre a cozinha para a visitação do público em suas duas unidades, desde a inauguração. Na Cobal, isso acontece há cinco anos, e no Leme, há um ano e sete meses.

Por meio de placas que informam que a cozinha está de portas abertas, o Joaquina Bar & Restaurante convida os consumidores. “Sempre incentivamos o cliente a visitar. Principalmente clientes que, por algum motivo, ponham em dúvida a higiene na produção dos pratos”, diz Marcos Gélio, um dos sócios da casa.

Nas visitas, os clientes recebem a companhia do gerente, supervisor ou chef de cozinha do Joaquina Bar & Restaurante. “Ao entrar, eles recebem uma touca para proteger os alimentos de qualquer fio de cabelo que possa vir a cair. São levados para ver a área das saladas, da saída dos pratos, a parte quente – fogão, forno, chapa e fritadeiras -, ou seja, fazem um pequeno tour pela cozinha”, explica Gélio.

De acordo com ele, a principal vantagem de incentivar a visitação é proporcionar segurança ao cliente em relação à higiene do restaurante, dos funcionários que lá trabalham e dos produtos oferecidos.

Gélio conta que é difícil mensurar o número de pessoas que desejam conhecer a cozinha do Joaquina Bar & Restaurante, pois isso não acontece com frequência, já que a maioria dos clientes que visitam a casa é antiga e fiel. “Mas quando alguém solicita, fazemos com o maior prazer”, afirma. Segundo ele, todos que visitam a cozinha ficam bastante satisfeitos. “Temos uma preocupação muito grande com a higiene do local e dos funcionários, e o cliente percebe isto”, diz.

Entre abril e dezembro de 2011, ano de inauguração da loja do Leme, o Joaquina Bar & Restaurante obteve um crescimento – relacionado a número de clientes e faturamento – de, aproximadamente, 28%. Na unidade da Cobal, o índice foi de cerca de 25%. “Continuamos com uma expectativa de crescimento em torno de 20% e de abertura de uma terceira loja”, finaliza Gélio.

Iniciativa e segurança

O restaurante Patuscada, localizado em Belo Horizonte, tem como nome uma expressão portuguesa que significa “encontro de amigos para comer e beber bem”. A cozinha da casa é aberta para visitação desde sua inauguração, em 2002, com o objetivo de transmitir segurança aos clientes.

De acordo com o chef Clóvis Viana, a cozinha do Patuscada é muito pequena, e por ser aberta, é possível visualizá-la do salão do restaurante. Ele conta que a maior vantagem de deixar a cozinha à vista é a satisfação dos frequentadores. “O cliente gosta de ver o pessoal trabalhando”, diz.

Aproximadamente, 30% do número total de clientes que visitam o Patuscada desejam conhecer sua cozinha, segundo Viana. Ele diz que todos acham a iniciativa da cozinha à vista “bacana”, além de diferente.

O Patuscada cresceu, de acordo com o chef, 30% em relação ao último ano.

Encantamento com a cozinha

O restaurante Sollar Búzios, localizado na cidade que lhe dá nome, no Rio de Janeiro, abre as portas de sua cozinha para os clientes desde a inauguração, em abril deste ano. “A cozinha do Sollar está à vista do público. Foi uma decisão minha, desde o primeiro momento”, afirma Danio Braga, chef da casa, italiano com mais de 30 anos no Brasil e especialista em alta gastronomia.

Ele decidiu incentivar a visitação, pois acredita ser algo muito bom, capaz de transmitir aos clientes o carinho e o cuidado que o restaurante tem no preparo dos alimentos. Braga diz que a cozinha aberta gera muitos benefícios, pois significa que o Sollar Búzios não tem receio de mostrar as práticas realizadas dentro desse local. “Incentivamos os colaboradores a se situar perante o público de uma forma mais profissional e não às escondidas”, diz.

De acordo com o chef, cerca de 10% dos clientes gostam de visitar a cozinha do restaurante, que faz questão de mostrá-la. “Normalmente, as pessoas que gostam de ver as cozinhas sempre pedem na entrada e nós fazemos questão de acompanhar e mostrar tudo”, conta. Os visitantes, segundo ele, ficam bastante encantados, e não poupam elogios. “Ordem, limpeza e arrumação são os comentários que se destacam”, finaliza.

Fonte: http://www.foodservicenews.com.br

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