A rede Bullguer apostou em lanches de qualidade e preços acessíveis para competir no concorrido mercado gourmet.
Na foto, Thiago Koch e Ricardo Santini, sócios-fundadores da lanchonete
Há cerca de cinco anos, a cidade de São Paulo foi invadida por uma onda de hamburguerias.
A relação dos paulistanos com os hambúrgueres é longa. Mas essa nova leva de lanchonetes, chamadas de “gourmet” ou artesanais, tinham uma proposta diferente: trazer ingredientes nobres para os sanduíches convencionais.
Esses novos negócios se diferenciavam das redes de fast-food pela qualidade dos produtos e, por isso, podiam cobrar valores mais altos. Em alguns endereços da cidade, os lanches não saiam por menos de R$ 45.
O conceito atraiu muitos clientes. E diversos novos restaurantes surgiram com essa proposta. Logo, as hamburguerias “gourmet” viraram carne de vaca.
Somente em São Paulo, o número de lanchonetes com essas características cresceu 500% em 2015, de acordo com o levantamento feito pela Consultoria Instituto Gastronomia.
Quem ousaria abrir mais uma hamburgueria depois desse boom?
Pois três amigos decidiram acreditar nesse segmento. E no ano passado faturam 18 milhões. Mas para ter sucesso, eles apostaram em um modelo diferente.
Alberto Abbondanza, 33 anos, Ricardo Santini, 32, e Thiago Koch, 33, se conheceram na época da escola e cada um seguiu um caminho diferente na vida.
O primeiro foi fazer faculdade de música, o segundo de administração e o último seguiu pelos caminhos da gastronomia.
Santini é de uma família de comerciantes e empresários. Desde os 14 anos, ele abre novos negócios de tempos em tempos. Ele já teve de tudo: banca de jornal, sorveteria, bar, pizzaria e padaria.
Em 2010, ele abriu um bar com Abbondanza. Após alguns anos de funcionamento, eles decidiram que era hora de partir para um novo segmento. Chamaram Koch para a nova empreitada.
O trio começou a fazer pesquisas de mercado. A ideia inicial era montar uma hamburgueria “gourmet”.
FAST CASUAL
Logo, eles abandonaram o plano. Após uma viagem e alguns estudos, perceberam que podiam se diferenciar da concorrência oferecendo produtos de qualidade com preços mais acessíveis.
É o chamado Fast Casual, que mistura a praticidade e a cozinha rápida do Fast-Food com uma comida mais requintada.
O capital inicial veio do próprio bolso dos três sócios e de amigos que apostaram na ideia.
Em 2015, a primeira unidade da Bullguer foi inaugurada na Vila Nova Conceição, bairro da zona sul que tem um dos metros quadrados mais caros da cidade.
“O rico também gosta do bom e barato”, afirma Santini. “Ninguém gosta de pagar caro, ainda mais em um período de crise.”
Em poucos meses, o restaurante já estava vendendo quatro vezes mais do que o esperado pelos sócios. Rapidamente, a Bullguer entrou nas listas gastronômicas da cidade.
A segunda unidade foi a da Vila Madalena. Hoje, são seis restaurantes, e mais um que será inaugurado em Jundiaí nos próximos meses, o primeiro endereço fora da capital. Todos são próprios.
As lojas têm uma decoração moderninha com elementos industriais, como canos aparentes.
“Todo o dinheiro que entra não é dividido pelos sócios. Investimos na expansão do negócio”, afirma Santini. “Por isso, pulamos de uma para seis lojas em menos de dois anos.”
A meta é fechar o ano com 12 restaurantes. Para 2018, a expectativa é dobrar o número de unidades.
A principal dificuldade, agora, é crescer e manter o mesmo padrão de atendimento e de qualidade dos lanches.
“Hoje, temos mais pessoas para treinar e precisamos ter mais controle da operação”, afirma Koch. “Meu maior medo é olhar para o nosso produto e ver que ele não tem mais nossa identidade.”
CHAVE DO SUCESSO
Koch acredita que a Bullguer entrou no momento certo no mercado, no lugar correto e com uma política de preço certeira.
“Ficamos no meio termo entre aquelas lanchonetes de bairro que cobram barato, mas não tem um lanche bom, e aquelas que vendem os hambúrgueres gourmet”, afirma.
Os preços dos lanches variam entre R$18 e R$24.
Um dos trunfos da Bullguer para conseguir manter esses valores está no cardápio enxuto. São apenas oito opções de sanduiches de hambúrguer e duas de hot dog.
Com poucas variações de ingredientes, é possível comprar em maiores quantidades e negociar melhores preços com os fornecedores. Assim, a rede está crescendo e abocanhando a concorrência.
Quando questionado se mercado de hamburguerias está saturado? Santini responde na lata: “Com certeza. Vejo novas hamburguerias abrindo todos os dias”, afirma.
Mas, pelo o jeito, sempre tem um espacinho para quem está disposto a oferecer o bom e barato.
Fonte: http://www.dcomercio.com.br/categoria/negocios/eles_criaram_um_novo_modelo_de_hamburgueria