Roberto Bielawski iniciou por acaso o Viena, para complementar a renda, mas optou por começar de novo com o Ráscal
Empresário se prepara para inaugurar 12ª unidade do Ráscal
O empresário Roberto Bielawski resolveu montar um quiosque de 50 metros quadrados no Conjunto Nacional para conseguir uma renda adicional depois da graduação em economia. Meio que por acaso, sem planejamento. Mas esse foi o começo da rede Viena, vendida pelo empreendedor em 2007, 32 anos depois, com 70 unidades. Hoje, o empresário se dedica ao Ráscal, rede de 11 restaurantes criada em 1994 e que atende 2 milhões de pessoas por ano.
Roberto tornou-se empresário sem pensar muito se era isso mesmo o que ele queria fazer da vida. No início, trabalhava 16 horas por dia no quiosque e chegou a fazer de tudo: atender o balcão, servir e até cozinhar. A segunda unidade foi aberta no Shopping Ibirapuera, já no modelo de restaurante. Mas foi durante os anos 1980 que ele realmente enxergou a oportunidade de crescer no setor em shoppings.
A aposta deu certo, mas o curioso é que uma rede tão grande já não despertava mais o interesse do empresário. “Fica muito impessoal. Eu me sinto muito mais confortável sendo um médio empresário. Eu gosto de olhar meu negócio. Não penso meu restaurante como um negócio para gerar dinheiro. Eu penso como um negócio de atender pessoas. O dinheiro é consequência”, disse.
Coincidentemente, um fundo de private equity se interessou em comprar o Viena e o empreendedor optou em cuidar apenas do Ráscal. A segunda empresa, ao contrário da primeira, nasceu com estudo e planejamento. Com um espaço ocioso no Shopping Iguatemi, Roberto estava em busca de alguma ideia para tirar do papel.
A ‘luz’ veio da mulher, Liane, que conheceu um restaurante na Alemanha com uma operação ainda melhor no Canadá. O casal pegou um avião para conhecer o local, pagou passagem para o arquiteto da empresa e juntos eles formataram, lá mesmo, o modelo para o País: um self-service de alto nível que serviria pizza, massa e salada.
“O Rascal não podia ficar parecido com o Viena. Fizemos uma coisa mais sofisticada e o Viena era um buffet mais tradicional. O começo foi dificílimo. Eu ficava na porta do Viena convidando os clientes para testarem o Ráscal”, lembrou.
Roberto, que já teve 100% do Ráscal, divide hoje a empresa com mais dez sócios. E está montando um grupo de jovens que serão os futuros empresários do negócio. “Eu não estou preocupado em passar isso para os meus filhos. Estou preocupado em passar para gente que perpetue a empresa”, afirmou.
O empresário se prepara, atualmente, para inaugurar, em junho, a 12ª unidade – ela vai funcionar no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. Mas hoje sua preocupação não está mais em cuidar do cotidiano da rede de restaurantes. O que ele quer é evoluir. “A concorrência vem forte e você tem que estar sempre atento, ser obsessivo no que faz e estar o tempo inteiro olhando em como melhorar seu negócio”, disse.
O que acertei
Roberto considera um acerto ter percebido, na década de 1980, que o mercado de shopping iria crescer e criar oportunidades. “Meu acerto foi enxergar uma ancoragem. O shopping trazia o público e eu tinha que ter um bom serviço, um bom produto e evoluir constantemente.” Outros êxitos foram a profissionalização do Viena, a partir de 1996, e a entrada de sócios no Ráscal.
O que errei
Roberto já fechou mais de dez restaurantes, entre Viena e Ráscal, por errar no endereço de instalação. “Não identifiquei que o meu cliente não estava lá. Isso aconteceu e pode voltar a acontecer. Mas estamos prestando muita atenção porque custa caro. Quando dá errado você tem que dar a volta por cima. Se não tem movimento, assumo o erro, contabilizo o prejuízo e vou para o próximo.”
Uma dica
De acordo com o empresário, quem pretende ter seu próprio negócio vai precisar trabalhar duro, não terá horário e vai ser empreendedor até o último dia de vida. “É preciso ser obsessivo, procurar melhorar seu negócio e minimizar os erros. Eu quero fazer restaurantes que tenham alma. Sou um médio empresário convicto. Não tenho ambição de ter mil lojas ou comprar empresas”, disse.