Hoje vou falar de uma experiência que vivenciei dias atrás e resolvi trazê-la para nossos leitores devido à sua grande importância, o Atendimento. Estava num boteco que costumo frequentar às vezes, tomando uma cerveja com amigos e como de costume busco sempre algo que possa colaborar com a minha experiência profissional no ramo de Gestão Gastronômica.
O dito boteco (prefiro não citar o nome), de longe não possui os padrões de um bom boteco no que se refere a estrutura. Numa loja de aproximadamente 25 metros quadrados, onde se alocam cozinha, um balcão, 3 freezers de cerveja, banheiros masculino e feminino e ainda 3 mesas para clientes. Os banheiros além de minúsculos e merecendo uma reforma estão longe dos padrões de um banheiro razoável, no ambiente interno do bar nota-se claramente que a cor da tinta já se misturou ao tom engordurado proveniente de uma cozinha quente e sem sistema de exaustão. Já do lado de fora na calçada haviam 16 a 20 mesas lotadas ocupando um largo passeio com aproximadamente 30 metros. Aí vem a pergunta: Como um ambiente com tal estrutura pode atrair tantas pessoas em plena sexta-feira à noite onde há tantos locais badalados pra ir? Ai vem a resposta: O atendimento.
Não pensem vocês que ao visitarem o local irão encontrar garçons e garçonetes malhados (as) ou com decotes parecendo artistas de televisão. Os garçons são pessoas comuns como nós no que se trata de aparência, mas se observarmos pelo lado do atendimento parecem Aliens com visões de raio-x ou infravermelho e audição tão aguçada que parecem escutar até nossos pensamentos.
Brincadeiras à parte pude notar o porque de ter um boteco tão cheio. O atendimento do local é muito eficiente. Você mal chega ao local e já é abordado pelo garçom com um boa noite e uma mesa ou cadeira de plástico na mão para encontrar um local no passeio para “acomodá-lo”. A mesa mal foi colocada na calçada e outro garçom já coloca copos na mesa acompanhados da pergunta “o que desejam beber?” As opções são poucas: cerveja, refrigerante e água. A cerveja por sinal parece sempre mofada com aquela película de gelo quase escondendo o rótulo. Este é outro fator primordial para um boteco, cerveja sempre estupidamente gelada. Cardápio não existe, a casa possui umas 6 opções de petiscos e nada mais. Os clientes mais frequentes já sabem o que querem comer. Os petiscos apesar de serem poucos, parecem ser feitos com muito carinho pois são realmente saborosos. Outro ponto importante não acham? Parece não ser possível levantar os braços para chamar o garçom, pois tem sempre algum com sistema de telepatia ou um bom olhar periférico pronto para atendê-lo. E são os mínimos detalhes que notei neste local que o fazem tão especial. Não se tira um cigarro para acender sem que o garçom não ofereça o isqueiro, não se serve uma cerveja sem o isopor térmico, não se serve o petisco sem antes fazer a mise-en-place da mesa em alguns poucos segundos. E a familiaridade que os clientes possuem com os garçons quase os fazem sentar-se à mesa. Sempre ao deixar uma cerveja na mesa tem uma conversa breve do garçom com algum cliente assíduo, para manter o calor humano, sem invadir a privacidade. Pude notar isto em várias mesas.
Outro fator que levanta alguma curiosidade é que o imóvel ao lado do boteco ao qual me refiro é também outro boteco. Com um salão interno maior (cabe umas 6 mesas) e está sempre vazio, nem ousam colocar mesas na calçada.
Fico pensando se este boteco passasse por uma reforma nos banheiros, cozinha, salão, trocasse as mesas e cadeiras, melhorasse o uniforme dos garçons, mas mantivesse o mesmo atendimento, cerveja gelada e seus 6 petiscos deliciosos. O céu seria o limite.
Fonte: Gestão de Restaurantes
Mas conheci um boteco assim,sofreu uma reforma as pessoas nao frequentaram mais,elas se sentiam bem como era…isso e muito perigoso em gestao…